Como Conquistar Um Geminiano Casado

20 Mar 2019 13:01
Tags

Back to list of posts

<h1>Gl&oacute;ria Sem Poeira</h1>

<p>Em maio passado fiz fra&ccedil;&atilde;o de uma banca de doutorado na Experts Em Paquera Ensinam A Conquistar Os Homens . A tese era sobre isso John Milton, o candidato era Martim Vasques da Cunha e pela altura falou duas coisas que nesta hora repito. A primeira era que o autor n&atilde;o tinha s&oacute; escrito uma tese de doutorado em &Eacute;tica e Filosofia Pol&iacute;tica. Ele tentava construir uma obra —passo a passo, de agonia em agonia— e a medita&ccedil;&atilde;o a respeito do racioc&iacute;nio pol&iacute;tico de John Milton era uma sequ&ecirc;ncia em liga&ccedil;&atilde;o a um livro anterior sobre isto Thomas More.</p>

<p>&Eacute; prov&aacute;vel que a modernidade, e a era das &quot;ideologias&quot; que ela sagrou, tenha esquecido essa categoria &eacute;tica fundamental. A linguagem pol&iacute;tica, ao menos a partir de Maquiavel, passou a tratar das dificuldades &quot;exteriores&quot; &agrave; vida dos homens. Quais os limites da a&ccedil;&atilde;o governativa? Quais os direitos que assistem aos governados? 15 Informa&ccedil;&otilde;es Pra Dominar Um Namorado l&iacute;cito? E o que fazer com um regime ileg&iacute;timo? Maquiavel n&atilde;o foi citado por sorte. O que esse monstruoso pensador fez (e &quot;monstruoso&quot; em in&uacute;meras dimens&otilde;es da express&atilde;o) n&atilde;o foi apenas uma cis&atilde;o entre a moralidade crist&atilde; e a moralidade pag&atilde;, como citou Isaiah Berlin.</p>

<p>Maquiavel foi ainda mais remoto —e por aqui Quentin Skinner &eacute; mais sagaz do que Berlim: ele operou uma cis&atilde;o dentro da pr&oacute;pria moralidade pag&atilde;. No momento em que o florentino, em &quot;O Pr&iacute;ncipe&quot; ou nos &quot;Discursos&quot;, faz uma apologia da &quot;virt&ugrave;&quot; cl&aacute;ssica, ele n&atilde;o est&aacute; a prestar a sua homenagem aos antigos (como C&iacute;cero, tais como). Pra Maquiavel, &quot;virt&ugrave;&quot; era neste instante um aparelho pra &quot;mantenere lo Stato&quot; —um aparelho que legitimava a brutalidade, a cal&uacute;nia, a dissimula&ccedil;&atilde;o.</p>

<p>E essa &quot;ordem da alma&quot;, que &eacute; um interesse pr&eacute;-pol&iacute;tico e sem a qual a &quot;res publica&quot; ser&aacute; a toda a hora um regime degenerado? Visto que bem: n&atilde;o h&aacute; duas sem 3. Depois de Thomas More e John Milton, Martim Vasques da Cunha escreve a respeito do Brasil por interven&ccedil;&atilde;o de alguns nomes &quot;can&ocirc;nicos&quot; da sua literatura.</p>

relacionamento-interpessoal.jpg

<p>&Eacute; um erro ler &quot;A Poeira da Gl&oacute;ria&quot; (t&iacute;tulo) como uma &quot;inesperada hist&oacute;ria da literatura brasileira&quot; (subt&iacute;tulo). Epis&oacute;dios De 'Carinha De Anjo', De vinte e um A 25 De Novembro do autor n&atilde;o &eacute; a literatura; &eacute;, como a todo o momento, as result&acirc;ncias &eacute;ticas e pol&iacute;ticas que a inexist&ecirc;ncia de &quot;liberdade interior&quot; nos escritores brasileiros provocou no pa&iacute;s. Isso &eacute; compreens&iacute;vel em autores t&atilde;o intoc&aacute;veis como Machado de Assis, Oswald e M&aacute;rio de Andrade - e at&eacute; em Guimar&atilde;es Rosa, um g&ecirc;nio da palavra que se ficou apenas por um &quot;pacto diab&oacute;lico&quot; com as frases.</p>

<p>Todavia, se desse jeito foi, onde reside a dificuldade do &quot;esteticismo&quot; exclusivo? Para Martim Vasques da Cunha, este &quot;esteticismo&quot; exclusivo tem implica&ccedil;&otilde;es pessoais, sociais e pol&iacute;ticas que resultam do abismo entre a realidade e a fantasia que v&aacute;rios escritores tomaram como realidade. Esse &quot;baile de m&aacute;scaras&quot; come&ccedil;a por embotar o pr&oacute;prio autor —e s&atilde;o pungentes, a t&iacute;tulo de exemplo, os textos confessionais de Lima Barreto— o seu &quot;ennui&quot; e o teu sentimento de &quot;covardia&quot;. Ou, como Gonzaga de S&aacute; comunica a Machado, haver&aacute; superior inferno do que estarmos somente condenados a &quot;girar ao redor&quot; de n&oacute;s pr&oacute;prios —como se f&ocirc;ssemos a besta na jaula do renomado poema de Rilke?</p>

<ul>

<li>Um calcinha sua,</li>

<li>um de outubro de 2016 &agrave;s 12:34</li>

<li>Ap-tchagui - Chute frontal dobrando o joelho</li>

<li>Desenvolva o teu potencial sedutor</li>

<li>Extenso Garota, Pequena Mulher (Uptown Girls)</li>

<li>A toda a hora tenha uma call-to-action bem estabelecida</li>

</ul>

<p>Todavia existem bem como implica&ccedil;&otilde;es sociais. J&aacute; que um autor pode subestimar o real com o teu pr&oacute;prio real. Infelizmente, o primeiro n&atilde;o desaparece com o segundo. Habitar o universo &eacute; habitar os dilemas morais que a cada momento nos assaltam. A pergunta &eacute; &oacute;bvia: como resolver com tais desafios quando o &uacute;nico &quot;massa magra&quot; que temos &eacute; est&eacute;tico e n&atilde;o &eacute;tico? A resposta t&iacute;pica do intelectual &eacute; o ressentimento: tentar descobrir &quot;l&aacute; fora&quot; (nos pares, pela &quot;comunidade&quot;, at&eacute; em Deus) o que ele foi incapaz de localizar &quot;c&aacute; dentro&quot;. &Eacute; um livro que nos surpreende, intriga questiona - e muitas dessas inquieta&ccedil;&otilde;es est&atilde;o no di&aacute;logo mais abaixo com o autor.</p>

<p>Por&eacute;m uma coisa parece-me evidente: n&atilde;o ser&aacute; mais poss&iacute;vel imaginar as letras no Brasil sem enfrentar a robusta e fascinante an&aacute;lise que Martim Vasques da Cunha publica a respeito. Voc&ecirc; interpreta a &quot;intelligentsia&quot; brasileira como dominada pelo esteticismo, desprezando as dimens&otilde;es &eacute;ticas e transcendentais da vida. Aus&ecirc;ncia esclarecer o b&aacute;sico: j&aacute; que porqu&ecirc; h&aacute; essa prefer&ecirc;ncia pelo esteticismo?</p>

<p>Em vista disso voc&ecirc; quer que eu conte a extenso surpresa do livro pros leitores (risos)! Voc&ecirc; &eacute; apto de dizer um exemplo —da literatura brasileira ou universal— em que uma extenso obra liter&aacute;ria surge despojada de qualquer prop&oacute;sito moral? Claro que sim —inclusive eu at&eacute; gosto de muitas delas, no entanto sempre fico com um p&eacute; atr&aacute;s. ]. Pela literatura universal, desejamos permanecer com o simbolismo de Mallarm&eacute;, qualquer coisa estonteante em termos est&eacute;ticos, mas que n&atilde;o det&eacute;m aquela fagulha que aux&iacute;lio o sujeito a afrontar as ambiguidades da vida.</p>

<p>Tua an&aacute;lise de Machado de Assis &eacute; dur&iacute;ssima e a acusa&ccedil;&atilde;o &eacute; implac&aacute;vel: Machado era um fingidor, que usava o v&eacute;u est&eacute;tico para camuflar quem era. Voc&ecirc; n&atilde;o descobre que &eacute; poss&iacute;vel contar o mesmo sobre isso Fernando Pessoa? Voc&ecirc; deposita uma extenso f&eacute; no poder da cultura como promotora das virtudes cardeais.</p>

Comments: 0

Add a New Comment

Unless otherwise stated, the content of this page is licensed under Creative Commons Attribution-ShareAlike 3.0 License